segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Nerdice, oh, nerdice...


Durante um longo tempo eu pensei em escrever sobre o filme dos Vingadores, esqueci totalmente que me foi dado um lugar no Ócio Barato e, desde então, eu deixei a ideia de lado. Felizmente, recordei-me esta manhã quão o filme me empolgou. Todos os aspectos do filme me surpreenderam, começando do “roteiro redondo” à direção impecável do (excelente) Joss Whedon. Incrivelmente, foi (quase) tudo como eu esperava.


Um bom fã de cinema tem uma memória reservada para seus ídolos, um roteirista aqui, um diretor acolá, quaisquer novos projetos deles criam uma expectativa. De Tarantino a Scorsese. Não seria diferente com Joss Whedon, que escreve e dirige o filme. Sempre foi um competente escritor de seriados, porém, duas de suas obras me fizeram criar uma enorme expectativa sobre o filme. Uma delas foi Serenity, empolgante filme de ficção científica (uma espécie de faroeste espacial) derivado da série Firefly (criada por Joss). A segunda delas foi o espetacular “run” nas revistas dos mutantes da Marvel, isso mesmo, os X-Men tiveram uma fase escrita pelo diretor/escritor. Simplesmente sem palavras. Blockbuster de qualidade.

Elementos não faltavam nesse filme, Robert Downey Jr.(como o Homem de Ferro, eu sei que você já sabia) ressurgindo e atuando muito. Jeremy Renner (Gavião Arqueiro), Scarlett Johansson (Viúva Negra), Samuel L. Jackson (Nick Fucking Fury), Mark Ruffalo (Bruce Banner/Hulk), Tom Hiddleston (Loki), Chris Evans (Capitão América perfeito, comedido, líder, etc). Todos esses nomes não se sobrepõem, o roteiro qualifica o trabalho de todos, dá espaço a todos, o espectador entende todas as motivações, uma aula de cinema. Homem de Ferro e o seu gênio, Capitão América deslocado no tempo, Thor à procura do irmão, Viúva Negra e Gavião Arqueiro possuindo um elo importante, Bruce Banner no controle do Hulk e o Nick Fury tentando reuni-los. Pelo bem da Terra, pelo do Universo.

Todos os dilemas são bem definidos, todas as storylines são fechadas nesse filme (para serem reabertas em outros filmes das franquias). Joss did it.

Momentos divertidíssimos, lutas espetaculares (sou fã de carteirinha de boas cenas de ação em bons filmes de ação), eu só torci o nariz às constantes piadas feitas por todas as personagens do filme. Tudo que um fã de carteirinha precisava ver. Por final, percebe-se que o filme dos Vingadores não era mera expectativa, era um sonho. Nada melhor do que ver um círculo com (quase) todos grandes super-heróis do universo Marvel.
 
Impossível olhar Os Vingadores como mero fã de cinema, eu tive de olhar com os olhos da criança dentro de mim. A mesma que comprava revistas de super-heróis por R$ 7,90 na banca. Seria mentira dizer que a alma infantil afeta totalmente meu julgamento, afinal, alguns filmes são indefensáveis, mas não tenho palavras para explicar a emoção de ver o Capitão América ajudando o Homem de Ferro, ou dando ordens ao Thor. Thor soltando raios. Hulk esmagando. Capitão liderando. Homem de Ferro em outro espaço. Thanos aparecendo no pós-créditos (HELL YEAH).

Durante duas horas e meia eu fui criança, esqueci-me de todas as atribuições. O efeito só deve ter passado agora, pois não vejo motivo melhor para ter esquecido a crítica.


domingo, 23 de setembro de 2012

O amor por entretenimento barato e pancadaria gratuita

Tem dias que eu acordo sem a mínima vontade de pensar. O que eu quero (e preciso) fazer é só sorrir, comer, tomar uma Pepsi e achar graça da vida. Só. 
Nesses dias, normalmente, como não estou muito a fim de fazer nada mesmo, acabo indo ver um filme. Mas não qualquer filme, veja bem. Um filme... barato.
Não barato no sentido de pouco custoso, mas barato por ser aquele tipo de entretenimento que diverte sem necessidade de grandes reflexões. E não se engane: sempre tem um desses em cartaz.

Foi em dias como esses que acabei assistindo Battleship.
Confesso que fui seduzida pelo trailer repleto de Alexander Skarsgård (o velho amor de ainda e sempre, o Eric de True Blood) e tiroteios e bombas e explosões. Afinal, quem não a-m-a explosões? Toda aquela receita de barcos no Pacífico sendo atacados por alienígenas tecnológicos kibados de Transformers fez o machinho que me habita refestelar de alegria. Então, naquele dia do ócio mental absoluto, fui pra meu entretenimento barato. Me contentaria com um Transformers aquático que fosse, mas não é que me surpreendi?

O filme é todo baseado em Batalha Naval. Sim, aquele joguinho meu e seu de meio-de-aula-no-colégio e que vinha em caixas de cereais para o pós-jantar com o meu pai. 
Acho que esse é o golpe baixo do filme, reverberar diretamente nas memórias da infância e toda a imaginação que envolvia o jogo quando eu afundava o porta-avião do adversário. Em minha mente levemente doentia, imaginava explosões e o navio afundando lentamente no mar com o meu morteiro certeiro. Traduzir isso para a realidade é a maior covardia de todos os tempos. Como já dizia o meme do Fry: shut up and take my money!

Eis que um blockbuster hollywoodiano resolve apelar para a fórmula apocalíptica tradicional mexendo com minhas lembranças de criança! Apelaram? Sim. Ficou ruim? NÃO!
Tiraram a invasão alien de Nova York e colocaram Havaí, entre equipes de olimpíadas navais (oi?) e com uns aliens mais badass que o normal (seres feios com tecnologia a la decepticons). Dois mocinhos gatos rodeados de marinees gatos, um romancezinho mamão com açúcar pra enfeitar e uma Rihanna depois, o resultado da receita é surpreendentemente divertido.

Entre mortos, feridos, navios afundados, gritos, alguns torpedos e explosões depois, a certeza é que eu me diverti demais. Há tempos um filme barato tão bem produzido não aparecia pelas telas brasileiras, muito menos com gostinho de infância. Só fez alimentar minha fixação por filmes idióticos e ficar aqui, ansiosa, esperando o próximo dia do saco cheio.




sexta-feira, 20 de julho de 2012

Vida Louca Vida


Existem filmes que tocam profundamente na nossa alma. Filmes que, mesmo não sendo tão bons, dialogam diretamente conosco, e que por meio de personagens tão próximos de nós, transformam nossa visão de mundo, reproduzindo na tela nossos próprios desejos, princípios, ideias e experiências pessoais. Curtindo a Vida Adoidado, O Clube dos Cinco, Esqueceram de Mim, Albergue Espanhol, Cinema Paradiso, Sociedade dos Poetas Mortos, Edward Mãos-de-Tesoura, Super 8 e Meia Noite em Paris são alguns dos títulos que assisti em diferentes fases da vida, e que rapidamente vêm à minha mente quando penso em filmes que marcaram a minha história.
Na Estrada (On the Road), do diretor brasileiro Walter Salles, certamente constará nessa lista no futuro. Um filme cheio de falhas, uma atriz (Kirsten Stewart, a Miss Crepúsculo)  que por si só consegue estragar quase todas as cenas em que aparece – a não ser talvez nos seus gemidos bem interpretados numa das inúmeras sequências de sexo – e um roteiro relativamente superficial. Mas uma jornada tão sedutora, interessante e tão espetacularmente dirigida que emociona e envolve o espectador até o último minuto, numa trama que narra as desventuras de dois jovens amigos – Dean e Sal – numa viagem pelo interior dos Estados Unidos no período do pós-guerra. Não há uma mensagem moralista de auto-descoberta, não existe qualquer lógica nas atitudes dos protagonistas, e nem mesmo um clímax ou um desfecho que encerre a narrativa. Trata-se de um relato histórico – uma obra baseada no livro auto-biográfico de Jack Kerouac – um retrato de uma época da sociedade norte-americana, e um marco no movimento contracultural que teve início na década de 50 e que encontrou seu apogeu nos anos 60, no feminismo, nos hippies, na ideologia black power e em todas as circunstâncias que caracterizam os denominados anos rebeldes.
É o prazer pelo puro prazer. A vida como uma dádiva e um fim em si mesma. O presente como se realmente não houvesse amanhã. Dean e Sal pegam o carro, uma quantia ínfima de dinheiro, alguns cigarros de maconha, uísque, e Deus sabe lá quais outras drogas e atravessam todo o território norte-americano, de Nova York, na Costa Leste, a San Francisco, na Costa Oeste, passando pelo Texas, Colorado, Louisiana, Virgínia e Nova Jersey e embarcam numa viagem de jazz, sexo (uma putaria desenfreada, diga-se de passagem), e poesia.
O longa não se preocupa em descobrir as motivações dos protagonistas. Num momento estamos vendo uma paisagem coberta de neve e um carro cruzando a estrada em alta velocidade, e num outro os personagens estão enchendo a cara num bordel de beira de estrada no interior do México. Mas em meio a toda essa aventura desregrada e inconsequente, é a forte amizade – quase platônica – entre Dean e Sal que se revela talvez como o único elemento que se sobressai e garante sentido, coerência e paixão à trama. O primeiro (Garret Hedlund, em atuação impecável) é a alma da película, a mais perfeita representação da irresponsabilidade juvenil levada ao extremo – alcoólatra, usuário de drogas, ninfomaníaco, egoísta, egocêntrico, e criminoso –, um personagem tão cativante quando odioso, capaz de demonstrar uma sensibilidade quase angelical numa cena e em outra abandonar a esposa e o filho recém-nascido para fugir com a amante. O segundo (Sam Riley, igualmente brilhante) é a voz e os olhos do filme. Aquele que completa Dean e que o segue sem pestanejar e sem questionar seus atos, fascinado pelo seu espírito desapegado e arredio, e pronto para apoiar o amigo em todos os seus momentos de loucura.
Não é uma obra que agrada aos corações mais católicos e ao público classe média feijão-com-arroz. Na saída da sessão, prestei atenção aos comentários de algumas pessoas, e tudo o que notei foram observações negativas, de que o filme seria uma apologia ao uso de drogas, à delinquência, ao homossexualismo e que a história não teria pé nem cabeça. Que na prática, a vida de Dean e Sal teria sido uma sucessão de pecados, erros e tropeços que não levaram os personagens a lugar algum. Não compreenderam a ideia central do filme – e certamente nunca compreenderão, perdidos em suas regras, seus conceitos de cinema fast-food e suas soluções pragmáticas de todos os problemas. Na Estrada é uma obra de desprendimento, de epifania artística e espiritual, de celebração à vida e toda a sua plenitude. Uma exaltação à mais genuína das amizades e à efemeridade do amanhã. E uma crítica à hipocrisia e a todo o sistema de valores sociais do modo de vida norte-americano.
Um filme para ficar na memória daqueles que não se contentam com a monotonia, daqueles que sonham em embarcar num carro, num ônibus, navio ou avião e nunca mais voltar, daqueles que amam o sentimento de amar mais do que o objeto do amor, daqueles que riem e que choram e dizem tudo como se fosse a última vez, e daqueles que acima de tudo têm consciência de que a vida, ainda que com todos os seus planos, estratégias e etapas seguidas passo a passo, pode ser mais incerta do que a estrada de Dean e Sal.

"Vida louca Vida/ Vida breve/ Já que eu não posso te levar/ Quero que você me leve" (Cazuza)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Harry Potter e a Mulher de Preto

- Meu amigo, eu estou te dizendo que meu filho tem mais de 12 anos! - bradou minha mãe furiosamente na bilheteria do cinema.
- Minha senhora, eu estou vendo aqui a identidade do seu filho, e ele só tem 10 anos. Sinto muito, ele não vai poder assistir o filme.

E foi assim que, em 1999, eu fui impedido de ver "O Sexto Sentido" no Multiplex Iguatemi. Tive que me contentar com o lançamento em VHS, dublado, e sem o devido impacto que sua exibição havia causado no cinema. A vingança somente veio 2 anos depois, com "Os Outros", ambientado na década de 40, com uma Nicole Kidman no auge da beleza - e numa interpretação que lhe rendeu o Globo de Ouro - , uma mansão mal-assombrada, sussurros, sombras, e portas que se movem sozinhas.
Assim, não é surpresa que seja esse filme o meu padrão de suspense fantasmagórico, e tudo o que veio após seu lançamento, em 2001, ainda não o havia superado. Alguns se destacaram, confesso, como "O Exorcismo de Emily Rose" e "Atividade Paranormal", mas nenhum deles era capaz de ganhar da história da mãe amargurada, rígida, atormen
tada e fanática religiosa (Nicole Kidman) que assassinava os próprios filhos. Não que "Os Outros" seja mais assustador que "Atividade Paranormal - nunca será. Mas esse último é muito mais um exercício de estilo do que um filme de terror propriamente dito - ainda que meta medo, muito medo.

Fato é que desde criança minha mãe me apresentou aos clássicos do horror americano - "O Iluminado", "O Exorcista", "O Bebê de Rosemary", "A Profecia", e por aí vai - então posso dizer que o cinema sobrenatur
al seja minha especialidade. Eu gosto de sentir medo, e gosto mais ainda daquela sensação terrível de chegar em casa após um bom filme de terror, e ficar imaginando que um fantasma vai aparecer no seu quarto a qualquer instante. E nesse quesito, os lançamentos da última década estavam deixando muito a desejar.

Aí algum anjo resolve finalmente adaptar a história de "A Mulher de Preto" (livro de 1983 e peça de sucesso em Londres desde 1987) para o cinema. E temos então todos aqueles pulos na poltrona, gritos, gente saindo da sessão no meio do filme, taquicardia, respiração ofegante, uma dose cavalar de adrenalina circulando nas veias, e toda a satisfação de morrer de medo com uma trama boba, porém consistente e magnificamente fotografada e dirigida. Assim é o novo "A Mulher de Preto", com o astro de 'Harry Potter', Daniel Radcliff, e outros atores de ponta do cine
ma britânico.

Daniel Radcliff, por sinal, faz um ótimo trabalho como o advogado viúvo que precisa descobrir um testamento perdido dos antigos moradores de uma mansão mal-assombrada num vilarejo da Inglaterra no começo do século XX. Nota-se claramente o seu esforço em se d
esvencilhar do estigma de Harry Potter, mas após tanto tempo trabalhando na saga, é impos
sível não associá-lo ao bruxo, principalmente na cena que um trem atravessa uma bucólica pai
sagem do interior da Grã-Bretanha - quem não se lembrar do Expresso de Hogwarts imediatamente é por que viveu em outro planeta nos últimos 10 anos.

A fotografia e a direção de arte no filme são impecáveis. A Mansão mal-assombrada, por si só, consegue ser mais assustadora que um beco do Pelourinho, que véspera de prova de Eduardo Sodré, que show d'A Bronkka de graça no Jardim dos Namorados, que o Iguatemi em véspera de Natal, mais assustadora que...enfim, é muito assustadora mesmo. A trama em si, como já disse, é bem simples: uma lenda de um espírito demoníaco que inferniza criancinhas inocentes e as instiga a cometer suicídio. O espírito, como vocês já devem ter imaginado, é a tal mulher de preto. Simples, não falei?

Mas é o conjunto da obra que faz o filme ser uma experiência tão fascinante - a reconstituição histórica, o bem-construído clima de tensão, as boas sacadas do enredo, os sustos totalmente previsíveis, as pessoas saindo apavoradas no meio da sessão no cinema e a reunião de todos os clichês possíveis de uma boa história de fantasmas. Não tem sangue escorrendo, nem tripas voando na tela - o terror é totalmente sugerido, e das maneiras mais óbvias, seja por meio de vultos macabros ou um reflexo no espelho. Trata-se de uma bela homenagem e referência aos filmes de suspense de antigamente. E tudo me fez lembrar daquele dia em que éramos eu, aos 12 anos, Nicole Kidman, uma cortina que se abre sozinha, um piano que insiste em tocar durante a madrugada, e uma velha médium que abre armários. "A Mulher de Preto" ainda não é melhor que "Os Outros", mas não podemos negar: ele chegou pertinho.

domingo, 4 de setembro de 2011

10 anos de tensão, menos de 24 horas de decepção

Iuri já gastou um post bem grandinho falando sobre o fim da saga Harry Potter. Mas ele é uma pessoa romântica e apaixonada. Já eu... não. 

Na verdade, eu já fui apaixonada. Lembro da primeira vez que vi um livro de Harry Potter em minha frente. Tinha 10 anos, tinha acabado de entrar na 5ª série e vi o livrinho colorido na mão de um colega. Harry Potter e a Pedra Filosofal. Viciada em literatura como sou, perguntei logo sobre o que era e se era bom. Recebi uma resposta inimaginável: é um livro sobre bruxos e magia, e é muito bom. Ora... Qual criança nessa idade não sonha com magia? Prontamente pedi emprestado e logo logo estava devorando o bendito livro.
Foi assim que tudo começou... Li o primeiro, li o segundo, esperei a chegada de cada um dos livros seguintes, até o sexto. Assisti a todos os filmes (até o quinto) no dia da estreia. Cheguei, inclusive, a ler tradução tosca de fãs do quinto livro. 100% absorta no mundo de Harry Potter, conhecia tudo e todos, sonhava estudar em Hogwarts. E aí veio o sexto livro... O maldito que acabou com a minha magia.

Esse é um post de reclamação desenfreada, então, se você é Pottermaníaco, não leia a partir daqui. Aviso dado, posso continuar a praguejar.

Vamos contextualizar. Até pouco tempo eu não tinha lido o sétimo e último livro da saga Harry Potter. Todos me perguntavam por que, já que eu sempre fui uma das primeiras a ler e comentar sobre cada um dos anteriores. Simples: porque eu achei o sexto livro (Harry Potter e o Enigma do Príncipe) uma merda. E me decepcionou horrores, acabou com o encanto provocado pelo quinto e MELHOR livro da saga (Harry Potter e a Ordem da Fênix). Sim, eu odiei muito a morte de Dumbledore, mas o que me irritou mesmo foi como ele foi mal escrito: 80% é pura enrolação, 20% de suspense sem graça.
Então, fui assistir o filme indignada e tomei a decisão de não ler o derradeiro livro. Porque eu achei que ia me decepcionar e estragar meus anos de infância/adolescência feliz.
E foi exatamente o que aconteceu quando eu decidi ler o sétimo livro de supetão pra poder ver o último filme no cinema, já que todo mundo estava enchendo minha paciência pra ir assistir e eu dizendo que não ia porque não tinha lido (sou dessas, hehe). Então comecei às 03h da manhã e só parei pra fazer literalmente o essencial (dormir, comer). E eis que logo após a meia-noite e já de saco cheio, terminei uma das leituras mais sofríveis dos últimos tempos, e mais decepcionantes.


Para tentar traduzir o meu grau de frustração: é como se tivessem jogado 10 anos de emoção de minha vida na lata do lixo.
Tá, eu sou um pouco exagerada, mas convenhamos. 
O pouco de ação no início do livro se resume em Expelliarmus! e Estupefaça!. Não tinha uns feitiços mais interessantes não? Sério, tanta coisa das artes das trevas pra colocar... E vai colocar logo duas magiquinhas de estudantes de 1º ano de Hogwarts numa batalha com Comensais da Morte? Pra mim o livro perdeu a credibilidade já nessa aí.
Mas vamos adiante. Das 581 páginas de história, 300 constam de Rony, Harry e Hermione se mudando de ermo em ermo, brigando e morando em uma barraca sem a mínima ideia do que estão fazendo. As outras 281 páginas de "ação" do livro se resumem em buscas desorientadas por horcruxes que começam a brotar do céu e do inferno, em crises existenciais de Harry - OH CÉUS - dúvidas sobre a sanidade de Dumbledore e mais encheção de saco. Pra completar, do nada surge um enigma novo (AHAM), relíquias da morte. E aí Harry, que já é indeciso e bobo, fica mais bobo ainda e o foco do livro fica oscilando e nem a autora sabe o que queria com as tais das relíquias. 


Aí depois dessas loucuras todas - o ponto alto do livro é a invasão de Gringotes e ponto - chega a batalha final. A batalha bombástica esperada por 10 anos. E o que acontece? Um duelo verbal! Filmes B já abdicaram disso, por queeeee J. K. Rowling, pooooor queeeeeee? Páginas e páginas de discussão entre Harry Potter e Voldemort. Cadê os feitiços, o sangue, a ação, o duelo, o medo, a agonia, a aflição, o suspense, o desespero? Não. Vamos trocar toda a emoção por frases de efeito e demonstrar que Harry é espertão (o que não é) e que Voldemort é abestalhado. POR QUÊ? Por que destruir todos esses anos assim, tão bizarramente? Custava colocar uma ação decente no livro? Quem que se depara com seu inimigo mortal e fica de papo pra explicar onde ele errou? NINGUÉM, inimigo mortal presume batalha, não papo furado. E lá se foram as esperanças de ver Voldemort agarrando Harry pelo pescoço no meio de Hogwarts.
Sem falar que mataram Tonks - que eu adorava -, Lupin e Fred! Ah, fala sério, pra nada, vai. Só pra dizer que morreu gente importante. Boring, J. K., booooring. 


E todo esse lelele pra que? Pra terminar como novela da Globo: um morre e retorna, todo mundo casa, todo mundo tem filho, todo mundo vive feliz. Quando achei que já tinha acabado a tortura, me deparo com os seguintes nomes: ALVO SEVERO e TIAGO SIRIUS. Tem coisa mais brega que nome composto em homenagem a gente morta em final de história clichê? TEM?
E com isso eu termino o meu post de indignação. Quem sabe um dia desses eu tomo coragem de finalmente ver o filme...