domingo, 4 de setembro de 2011

10 anos de tensão, menos de 24 horas de decepção

Iuri já gastou um post bem grandinho falando sobre o fim da saga Harry Potter. Mas ele é uma pessoa romântica e apaixonada. Já eu... não. 

Na verdade, eu já fui apaixonada. Lembro da primeira vez que vi um livro de Harry Potter em minha frente. Tinha 10 anos, tinha acabado de entrar na 5ª série e vi o livrinho colorido na mão de um colega. Harry Potter e a Pedra Filosofal. Viciada em literatura como sou, perguntei logo sobre o que era e se era bom. Recebi uma resposta inimaginável: é um livro sobre bruxos e magia, e é muito bom. Ora... Qual criança nessa idade não sonha com magia? Prontamente pedi emprestado e logo logo estava devorando o bendito livro.
Foi assim que tudo começou... Li o primeiro, li o segundo, esperei a chegada de cada um dos livros seguintes, até o sexto. Assisti a todos os filmes (até o quinto) no dia da estreia. Cheguei, inclusive, a ler tradução tosca de fãs do quinto livro. 100% absorta no mundo de Harry Potter, conhecia tudo e todos, sonhava estudar em Hogwarts. E aí veio o sexto livro... O maldito que acabou com a minha magia.

Esse é um post de reclamação desenfreada, então, se você é Pottermaníaco, não leia a partir daqui. Aviso dado, posso continuar a praguejar.

Vamos contextualizar. Até pouco tempo eu não tinha lido o sétimo e último livro da saga Harry Potter. Todos me perguntavam por que, já que eu sempre fui uma das primeiras a ler e comentar sobre cada um dos anteriores. Simples: porque eu achei o sexto livro (Harry Potter e o Enigma do Príncipe) uma merda. E me decepcionou horrores, acabou com o encanto provocado pelo quinto e MELHOR livro da saga (Harry Potter e a Ordem da Fênix). Sim, eu odiei muito a morte de Dumbledore, mas o que me irritou mesmo foi como ele foi mal escrito: 80% é pura enrolação, 20% de suspense sem graça.
Então, fui assistir o filme indignada e tomei a decisão de não ler o derradeiro livro. Porque eu achei que ia me decepcionar e estragar meus anos de infância/adolescência feliz.
E foi exatamente o que aconteceu quando eu decidi ler o sétimo livro de supetão pra poder ver o último filme no cinema, já que todo mundo estava enchendo minha paciência pra ir assistir e eu dizendo que não ia porque não tinha lido (sou dessas, hehe). Então comecei às 03h da manhã e só parei pra fazer literalmente o essencial (dormir, comer). E eis que logo após a meia-noite e já de saco cheio, terminei uma das leituras mais sofríveis dos últimos tempos, e mais decepcionantes.


Para tentar traduzir o meu grau de frustração: é como se tivessem jogado 10 anos de emoção de minha vida na lata do lixo.
Tá, eu sou um pouco exagerada, mas convenhamos. 
O pouco de ação no início do livro se resume em Expelliarmus! e Estupefaça!. Não tinha uns feitiços mais interessantes não? Sério, tanta coisa das artes das trevas pra colocar... E vai colocar logo duas magiquinhas de estudantes de 1º ano de Hogwarts numa batalha com Comensais da Morte? Pra mim o livro perdeu a credibilidade já nessa aí.
Mas vamos adiante. Das 581 páginas de história, 300 constam de Rony, Harry e Hermione se mudando de ermo em ermo, brigando e morando em uma barraca sem a mínima ideia do que estão fazendo. As outras 281 páginas de "ação" do livro se resumem em buscas desorientadas por horcruxes que começam a brotar do céu e do inferno, em crises existenciais de Harry - OH CÉUS - dúvidas sobre a sanidade de Dumbledore e mais encheção de saco. Pra completar, do nada surge um enigma novo (AHAM), relíquias da morte. E aí Harry, que já é indeciso e bobo, fica mais bobo ainda e o foco do livro fica oscilando e nem a autora sabe o que queria com as tais das relíquias. 


Aí depois dessas loucuras todas - o ponto alto do livro é a invasão de Gringotes e ponto - chega a batalha final. A batalha bombástica esperada por 10 anos. E o que acontece? Um duelo verbal! Filmes B já abdicaram disso, por queeeee J. K. Rowling, pooooor queeeeeee? Páginas e páginas de discussão entre Harry Potter e Voldemort. Cadê os feitiços, o sangue, a ação, o duelo, o medo, a agonia, a aflição, o suspense, o desespero? Não. Vamos trocar toda a emoção por frases de efeito e demonstrar que Harry é espertão (o que não é) e que Voldemort é abestalhado. POR QUÊ? Por que destruir todos esses anos assim, tão bizarramente? Custava colocar uma ação decente no livro? Quem que se depara com seu inimigo mortal e fica de papo pra explicar onde ele errou? NINGUÉM, inimigo mortal presume batalha, não papo furado. E lá se foram as esperanças de ver Voldemort agarrando Harry pelo pescoço no meio de Hogwarts.
Sem falar que mataram Tonks - que eu adorava -, Lupin e Fred! Ah, fala sério, pra nada, vai. Só pra dizer que morreu gente importante. Boring, J. K., booooring. 


E todo esse lelele pra que? Pra terminar como novela da Globo: um morre e retorna, todo mundo casa, todo mundo tem filho, todo mundo vive feliz. Quando achei que já tinha acabado a tortura, me deparo com os seguintes nomes: ALVO SEVERO e TIAGO SIRIUS. Tem coisa mais brega que nome composto em homenagem a gente morta em final de história clichê? TEM?
E com isso eu termino o meu post de indignação. Quem sabe um dia desses eu tomo coragem de finalmente ver o filme... 

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